IEPHA analisa o processo de Tombamento da Igreja Matriz de Santa Rita de Ibitipoca

O município de Santa Rita de Ibitipoca, atendendo demanda do Ministério Público Estadual através da Promotoria de Justiça da 3ª Promotoria de Justiça da Comarca de Barbacena – MG, instruiu, nos anos de 2019 e 2020, o processo de Tombamento da Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia, patrimônio cultural do município.

 

A edificação, certamente dentre as mais antigas da cidade, tem sua origem no século XVIII e está diretamente relacionada à formação histórica e cultural da municipalidade. Na primeira metade do séc. XVIII, com a abertura do Caminho Novo, ligando a província de Minas Gerais ao Rio de Janeiro, toda a região passou a ser mais frequentada. Pousos e povoados foram surgindo e com a ocupação das terras surge a povoação entorno da então Capela de Santa Rita, cujo patrimônio da circunvizinhança fora doado pelos irmãos Manuel Gomes da Silva e João Gomes da Silva, em 1750.

 

Faz ressaltar ainda mais a importância desse templo histórico-religioso, um fato que remete a 1810: a criação de uma instituição musical, mais tarde denominada de Corporação Musical Santa Cecília, que é uma das mais antigas existentes em Minas Gerais. Em 1826, o povoado adjacente à Capela de Santa Rita, construída pelos fazendeiros em honra à santa, recebeu foros de Freguesia. Após alguns impasses que a história registrou, nossa autonomia, no contexto histórico do Estado de Minas Gerais, foi concedida pelo Decreto Lei n° 2764 de 30-12-1962, sendo elevada à categoria de Município, devolvendo-nos a primitiva denominação de Santa Rita, em homenagem à santa padroeira.

 

Estudos recentes identificaram possível relação dos acervos de talha dos altares de Santa Rita de Ibitipoca com uma oficina itinerante de arte sacra, coordenada pelo importante pintor Joaquim José da Natividade. Ele teria atuado no que a pesquisadora Letícia Martins de Andrade, doutora em História, chama de “Conjuntos retabulares do estilo Vertentes-Sul de Minas”.

 

A historiadora, Dra. Letícia Martins, professora da Universidade Federal de São João Del Rei, aponta este conjunto no seu artigo “Os conjuntos retabulares sul-mineiros e os indícios da constituição de uma oficina itinerante em torno de Joaquim José da Natividade”, publicado na Revista eletrônica Rocalha (do Centro de Estudos e Pesquisas em História da Arte e Patrimônio da UFSJ). Neste artigo ela cita o retábulo colateral “lado evangelho” da igreja de Santa Rita, de Santa Rita de Ibitipoca, pois o mesmo apresenta “características morfológicas dos retábulos do grupo Vertentes-Sul de Minas (…). De acordo com suas pesquisas, são conjuntos estilisticamente muito próximos e que tem em comum o fato de se situarem em edificações onde trabalhou contemporaneamente – em atuação documentada ou suposta – em obras de pintura de forros ou policromia de retábulos e imagens o pintor Joaquim José da Natividade”.

 

Além deste destaque para Santa Rita de Ibitipoca, a autora lista retábulos de Carnaíba, Piedade do Rio Grande, Lavras, Ibituruna etc. em um total de 29 municípios que apresentam uma tipologia arquitetônica bastante coerente, de modo que, conforme pesquisa, é possível afirmar uma procedência comum, qual seja, a atuação de Natividade. Tal estudo, publicado em 2020, reforça, portanto, a importância de se proteger este patrimônio que é orgulho para a população santaritense.

 

Embora a Igreja já esteja oficialmente tombada como Patrimônio Cultural de Santa Rita de Ibitipoca, através Decreto de Homologação nº 129-A, de 20 de novembro de 2019, o município pretende ainda apresentar até o final do ano de 2021 ao IEPHA (Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais) detalhamentos dos levantamentos arquitetônicos internos do edifício que não foram autorizados inicialmente pela Paróquia.

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